quarta-feira, março 28, 2007

Palhaços



Todos olham seu nariz vermelho, redondo, brilhante. Ele anda trôpego e confuso. Até ver outro nariz como o seu no rapaz da esquina, adiante outro, na moça da farmácia, adiante a menina das flores, e outros mais.

Seria mentira dizer que esse dia ficou marcado, apesar da chuva, apesar da indiferença dissimulada dos transeuntes, apesar da falta de graça dos palhaços do inusitado.

E porque há gente gargalhando quando ele passa, há um silêncio cúmplice entre os divertidos solitários dessa cidade fantasma, há pessoas cinzentas, há aspereza e solidão, refletindo a inutilidade dos esforços, nessa luta sem sentido que tentei te explicar.




Mas eu sei que você entende, o que é esse desvanecer pingado.


Um comentário:

Marconi Leal disse...

Muito bom, senhorita Ophelia, a prometida de Hamlet.