quinta-feira, agosto 31, 2006

Às vezes fico às voltas com o desejo de atender seu pedido, mas não se pode enredar qualquer um na teia de materiais que constróem essa realidade de olhos olhantes olhares...

A vida retalhada por momentos tão diferentes que parecem formas correntes de loucura, dispostas como sonhos se apagando na vigília, se alimentando do fantástico na tecitura do concreto, trocando de máscaras conforme a festa, trocando de par conforme a fantasia, trocando tantas noites pelos dias.

Em algum lugar deve estar guardado o fruto desse trabalho, que a medida do feito vai se mostrando por fazer e, quanto mais penosa, mais vulnerável é a existência humana.

Mapeado o corpo, procurar o centro, o titereteiro da vida, o chacra primordial...

E, com preguiça de tantos mecânicos professores, voltamos à sexualidade... que nos responde com gozo.

por hoje é só.

Crazy... maybe

http://www.youtube.com/watch?v=PWICOITmg1Q&NR

quarta-feira, agosto 30, 2006

Mousseline de Moranga com camarões

uma receita simples e muito delicada que meu amigo secreto me ensinou,


meia moranga cozida, batida no liquidificador com um pouco da água do cozimento
1 frasco de creme de leite fresco
meio quilo de camarões menores, bem limpinhos e fervidos rapidamente

refogar cebola, acrescentar sal e pimenta do reino

quando a cebola estiver dourada, colocar a moranga batida, o creme de leite e os camarões,

se for tempo de vacas magras, substitua os camarões por cubos de peixe branco.

bom apetite

terça-feira, agosto 29, 2006

Há uma luz que cega, sons distorcidos e uma estranha amnésia. Houve um passado? A terra é imensa, percorrê-la procurando vestígios e passagens, que tragam respostas na história dessas escolhas.A procura, atrás da verditude, cidades que se estendem cinzentas e empoeiradas, debaixo das pedras, entre flores sem perfume, nas águas de mares de ausências.

Sombras atravessam a cegueira como silhuetas de conhecidos dramas passados. Personagens fictícios de vidas emprestadas por deuses ancestrais.

Sim, não se pode devolver uma inocência mentirosa, todos no olho do furacão, desejosos de razões, e daqui hei de ser cuspida em páginas acesas pelo interruptor na parede do seu quarto, onde todos somos culpados, porque essa busca que é de todos, não é por acaso, é mera questão de escolhas.

segunda-feira, agosto 28, 2006

O que há por trás de um nome? O que revela-se numa fisionomia? O que se esconde? Os traços se traem.

Você vai? Você volta.

Esses caminhos áridos que você percorre como se pisasse águas calmas. Eu sempre te espero, o tempo nosso não obedece essa ampulheta digital. Suas palavras escritas com tanta intimidade nesta tela impessoal e vaga. E eu adivinho seu olhar, entre conquistas e queixas divertidas. Você penetra meus poros e preenche os vazios ávidos por idéias e conflitos. Minha sede de seres densos e ilógicos, minha necessidade de agregar palavras desesperadas por sentido.

É isso, soldado branco, você não desertou da guerra que nos consome perplexos, minas de decepções, ruídos de bombas imaginárias, sonhos destruidos. Nos intervalos cultivo flores, beijo bocas, fico parindo novos mundos, muitos em frágil papel de seda.

Somos nós por trás dos nomes. Você vai, você volta.

domingo, agosto 27, 2006

Again

Ophélia delira aos domingos e sonha com estrelas verdes que pode habitar e árvores silentes de uma floresta própria. Os delírios de Ophélia são úteis e ninguém a perturba nessas horas em que se ausenta da realidade.

Tratamos hoje das entrelinhas da paranóia, de países e personalidades que se sustentam no poder de informações e dinheiros que parecem fantasias, e ouve Badi Assad.

Criatura narcisista e excêntrica essa que vos fala... E se você veio parar aqui, é que não fica atrás. Essa menina que foi pobre demais, de finanças e afetos, me tortura, é uma mulher que no viés do olhar diz coisas de não se ignorar. Ela tem a estória de seu vestido único, de seus inimigos muitos, do seu apetite de aprender, de sua infinita ignorância que lhe mora nos seios, neurônios, e o gosto de brincar com medos e vaidades.

O fato do medo da solidão e pobreza que assola-nos a todos, não constrange tanto a criatura quase ausente, quase demente, quase lucidez e solução...

Isso é uma porta aberta, um convite, um novo convite a um recomeço. Volte sempre à mescalina da simplicidade. Again and again...