quarta-feira, novembro 29, 2006

Ode ao medo ou I'm sorry

Combate aos medos

medo do mar: desejar
medo da perda: possuir
medo da seca: embebedar
medo do outro: buscar
medo da letra: soletrar
medo da rua: caminhar
medo do gozo: suplantar
e o medo do medo: sublimar

sempre é cedo para desfiar os medos, são muitos os segredos, esse novelo grande e solto no espaço, que desafiamos, desnovelamos, surpresos. A vida, essa edificação se desconstruindo em silêncios, fabricando venenos, consolidando elos humanos, rede de gentes e carentes sentidos.

corajoso e impávido: onipresente medo.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Gato solene

Assim é que ele caminha leve e alerta, como os gatos nos muros. E vai explorando territórios para depois fazer as devidas advertências no seu mapa camarada, nada como esperar avisado pelas surpresas e sustos da caminhada.

Lá vamos ultrapassando obstáculos, desmascarando mentiras de conveniência, inventando expressões e a farta bobagem, imprescindível.

Os desafios das manhãs vencidos pelo exercício diário das metas menores, persistência. E antes que eu vomite um delírio Poliana, calo.

Enamorada que estou desse gato, dark prá combinar com minha luz predileta e lingerie.

sexta-feira, novembro 24, 2006

quinta-feira, novembro 23, 2006

Umidade e sorrisos

Sei não. Não acredito em coincidências. Você cruza com pessoas todo o tempo, em tantas circunstâncias da vida, então porque algumas delas se instalam na mente, no pensamento ou no metabolismo da gente? Há pessoas que numa primeira leitura parecem dominar uma linguagem, um dialeto, um discurso de foro íntimo?

Assim é, que o tempo passa e essas pessoas ficam por perto, trazendo sempre novas emoções e compartilhando as nossas, e nos sentimos tristes com a tristeza delas, felizes com seus sucessos, frustrados com suas decepções. A vida passa tão depressa, o trabalho, as conquistas, fracassos e realizações.

Acho até que existe uma espécie de fechadura na gente, que faz de algumas pessoas peças chave, literalmente, nessa montanha russa cotidiana, longa, pura, profana, loucura de existência.

quarta-feira, novembro 22, 2006

o dia do inimaginável

Ocorre que me deram uma dica, tipo, posta seus sonhos. Já que tô rasgando dinheiro (só nota de um, real/virtual...). E com as pedras que me atiram, construirei o meu lar - podre. Enfim vou contar.
No sonho 1 - Descobria a casa dela, conversávamos sobre a loucura e seu contágio, sobre a lucidez delirante. A necessidade da realidade e que ela não existe, da mesma forma que a loucura seria uma impressão passageira, como as distorções das imagens próximas do fogo, todo o tempo estamos à beira do fogo de olhos abertos sic. Depois eu disse a ela que amava demais sua presença e ela dizia prá não ter mais medo, medo dos gritos e gestos pseudoalucinados.
sonho 2 - Era chantageada por um canalha, de fisionomia banal e familiar. Oprimida então pulei a janela, era o mar raso onde eu queria afogar quem me seguisse, muito raso e eu não pude me vingar. Tudo era romper a opressão... Sempre essa coisa maldita para o feminino.
pff, esquece o diagnóstico, a coisa anda desse jeito, mas já me importam alguns amigos, sobretudo os que vivem em apuros, caçando confusão e pedindo conselhos: bah... Euzinha? tem certeza?

sábado, novembro 11, 2006

Camões

"Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim
Anda o mundo desconcertado."

não pisa nos seus sonhos.

terça-feira, novembro 07, 2006

Hiato Criativo

Aqui chove mais que no inferno, todo mundo sabe que chuva é coisa do demônio. Até quem não sabia, agora sabe. Foi um longo tempo de silêncio, o mundo sendo essa incansável caixa de pandora, vomitando desgraças.

Parei porque me dediquei a assistir ao crescimento das minhas azaléias rosa púrpura, cuidar para evitar a explosão do velho fogão, a vedação dos canos, a ginástica da existência que se resume na manutenção.

Ouvir amigos também é uma boa prática, sobretudo se eles estão felizes, nas entrelinhas de suas tragédias pessoais, óbvio. Em homenagem a quem se queira sentir homenageado, nesse espaço não existe dinheiro, trabalho escravo, empresas vistas de trás da mesa, empresas vistas por aqueles que estão diante das mesas, empresas no monitor e na tela. Nesse espaço não existem governantes e governos, não só porque não os quero, mas também e muito principalmente porque eles não querem gente como nós, desgovernados e imersos na ironia cotidiana.

Então tá dito, caminhando na dificuldade, no desfeito refazendo a simplicidade, tudo por causa do amor. E por favor, veja se me entende, deumavezportodas: por causa do amor.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Viajando

Depois de um dia na fazenda vertendo água salgada, pensando q a tarde na praia o sol ia se pôr mais lindo.

Flores saltam da seda, da chita também, mas esta é outra história. A edificante caminhada ao cemitério dos escravos, que são uma pobres bolhas nos pés?

As notícias pingando sangue, enquanto suas aplicações garantem a liquidez, sustentam hipocrisias, patrocinam as guerras.

No contexto um manto de estrelas cobre a terra, sobe a tela, tanta tinta e vazão. A diferença principal é que uma coisa - a pintura, te deixa livre para criar, a outra coisa - a escrita, é feita em códigos, discurso ou balbuciar.

Ophélia quer voltar...