terça-feira, maio 29, 2007

Holograma de vidro e o poema para a múmia


Na radiografia aquela visão plana, eu queria mais... Depois as três dimensões e eu querendo mais, daí uma visão além da radiação, eu quero ver sua aura e quero mais. Eu veria até a boca arreganhada da caveira sorrindo, depois recompunha ou compunha uma imagem. Quantas fisionomias podem se transformar até serem ninguém em nenhures?


No holograma de vidro vejo seus pensamentos e desejos, seus anseios e fracassos, até onde vai a sua dor e que não conheceu nunca o amor. Vive fazendo heróis para superar sua falibilidade, coisa por sinal muito comum e humana, mas nunca te disseram isso, ninguém diz o que precisa saber porque seus heróis são necessários, palhaços divertidos.


No grande circo das letras as palavras se revolvem e ganham matizes e sentidos inesperados, é assim também com as coisas do coração, sentimentos são mais fugazes que imagens de um caleidoscópio, nunca voltam nem se repetem.


Esse é o legítimo delírio que Ophélia reservou para hoje.

quinta-feira, maio 17, 2007

A casa em movimento


As paredes são boas, o chão fica no chão, o teto fica no teto, as janelas tem paisagens, os cômodos tem comodismo e as portas dão para o mundo.


Isso é um tédio? Sei lá...


Faz calor nesse outono e os ventos em greve. Esperei todo o dia pelo momento em que pegaria minha leitura, agora, estou decepcionada. Mulheres que se deixam manipular por amores fingidos, sexo e sexo e desprezo. Conciliar a sexualidade com relacionamentos inteligentes, isso muda. Ainda bem que se pode virar a página e até mesmo abandonar o livro.


A propósito "Litlle fish"é um grande filme, desses que volta à memória durante algum tempo com uma sensação delicada ou um sentimento forte. Muito boa música e a personalidade da fotografia.


Estou cá a organizar a festa e dá frio na barriga, pensar na interação dos convidados, acomodação e grupos, serviço eficiente, bons fluidos... Mestra nisso era minha avó, que sabia receber.


Hoje descobri que tenho um coração forte, posso continuar amando intensamente.


A árvore da felicidade se deu bem por aqui e vai indo muito bem obrigada.


A questão mais importante é que fecho um ciclo e inauguro outro, agora mais efetivo e eficiente, hora de fazer valer.

sábado, maio 12, 2007

Maternidade a boa, à da anti-mãe


Um rico repertório de imagens românticas e fotografias de família dão ambientação às quimeras que envolvem relacionamento ambivalente e conflituoso: mãe/filho(a).


Essa que nunca teve aniversários na infância e nem presentes e nem amiguinhas rindo e dançando. Bonecas, talvez, bonecas... A mais miserável das meninas é capaz de compor sua boneca de trapo ou sabugo de milho ou de um objeto fantasiado.


Instabilidade doméstica, um vai e vem de situações limites, muita confusão pouco norte. Um certo dia prometiam mudanças que sempre pioravam as coisas. Noites em vigília, medo de demônios e maus tratos. No terreiro um cachorro negro avançava e tinha unhas compridas.


A morte a surpreendeu diante do espelho boquiaberta. Uma redação na escola foi premiada, palco, mãos e voz trêmulas, seu talento, sua surpresa.


No sofá esquecida jazia a mãe ausente, remédios, doenças, remédios.


Cresceu, teve seu momento fértil, esqueceu o ambiente e seus processo de dilapidação, abriu-se o mundo, seus afetos, seus critérios e horizontes.


Passeia nesse território por acaso de data e comércio. É mãe e conhece a diferença, da anti-mãe à aquela que faz acordos, doa, socorre.


Uma concepção de humanidade mais extensa. Não é preciso mais que os próprios recursos e uma boa dose de amizade. Essa grandeza está na mais miserável das mulheres, se apresenta no que ostentam em segredo: o seio, riqueza e propriedade de todos os filhos, generosidade mecânica, orgânica... Sabedoria cósmica.


Guardem o dinheiro. Isso está muito além...