quinta-feira, julho 26, 2007

quinta-feira, julho 19, 2007

A caveiruda ronda I



Ela é phoda! Ela escorrega, ela fica paciente na retaguarda. Um dia chega a sua hora. E nós? Ficamos desavisados, distraídos e medrosos. O que é que ela põe em xeque? Nossa história, nossos fracassos, nossa impotência suprema, uma vez que nos abraça com seu manto negro e se dissolve no ar. A vida toda brincamos com ela, nos acasos e descasos dela, a caveiruda, que não tem pressa, que dita a hora certa e conhece nossos compromissos idiotas de importância duvidosa.
Me ocorre que situações cômicas decorrem desse encontro inadiável, o medo do vale das sombras, o medo de deixar esse nosso lar de carne e sonho, que o tempo deteriora e corrompe. É só para lembrar que ela existe que hoje venho superficialmente mencionando. Mas essa conversa vai longe, pode esperar.

segunda-feira, julho 09, 2007

Zeus


Sempre que nos visitava, se fazia preceder de flores e frutas. Um cheiro de limpeza em linho tomava conta da casa e parecia que faríamos sentido. Estar com ele era uma diversão, hoje percebo que já naquela época me escondia por tráz das palavras, uma afirmação lúdica.


Aprendizados olfativos, auditivos, visões, da necessidade desde a infância de lidar com a agressão para a sobrevivência. Éramos muitos, nos tornamos indóceis numa retórica de intertextos e interditos. Exercício de diálogo essencialmente doméstico. Prazer. Quem se importava?


Já naquela época começàvamos o loteamento da inteligência, esse hábito de se apropriar da cultura geral, donos do território de ninguém. Foi quando determinei-me a trocar tudo pelo resultado do depois, sempre. Contávamos estórias para passar o tempo e nasceu o velho costume de fazer a moral da história, moral a transmitir.

Hoje é tudo muito simples, uma matemática automática do sentido. Gente que brinca, aquele privilégio que vem da infância, vício dos mal criados que somos nós.