domingo, abril 29, 2007

A dama negra


Era uma vez uma dama que vestia-se de negro.


Os cães latem e uivam durante a noite, pela manhã ela os alimenta fazendo angú no grande tacho de ferro. Depois abre a porta e deixa que percorram a rua como lhes convêm.


O telefone no final do corredor, auxílio dos menos favorecidos, notícias do Brasil. O Brasil em tempos de ditadura.


Chove muito, os rios enchem suas cabeceiras, o mato cheira intensamente. A dama negra passa o tempo lendo e decidindo o futuro dos desavisados.


Os cães pela casa, há uma festa e a sala borbulha, mesa farta, copos cheios, o coronel na sala, o exilado na cozinha, medo e orgulho, vaidade e medo.


O tempo passa, tudo muda, a dama envelhece, os homens envelhecem, o poder troca de mãos, troca tudo, muda tudo. O Brasil.


O mundo em bytes, anoitecendo a humanidade, um planeta comprometido, um mundo de palavras que não se processam.


Preceito?



Um comentário:

Roy Frenkiel disse...

Palavras lindas, Ophelia... Mesmo nao as tendo compreendido em plenitude, sei que dao um bom trecho de livro nobelista :P

bjx

RF