domingo, abril 29, 2007

A dama negra


Era uma vez uma dama que vestia-se de negro.


Os cães latem e uivam durante a noite, pela manhã ela os alimenta fazendo angú no grande tacho de ferro. Depois abre a porta e deixa que percorram a rua como lhes convêm.


O telefone no final do corredor, auxílio dos menos favorecidos, notícias do Brasil. O Brasil em tempos de ditadura.


Chove muito, os rios enchem suas cabeceiras, o mato cheira intensamente. A dama negra passa o tempo lendo e decidindo o futuro dos desavisados.


Os cães pela casa, há uma festa e a sala borbulha, mesa farta, copos cheios, o coronel na sala, o exilado na cozinha, medo e orgulho, vaidade e medo.


O tempo passa, tudo muda, a dama envelhece, os homens envelhecem, o poder troca de mãos, troca tudo, muda tudo. O Brasil.


O mundo em bytes, anoitecendo a humanidade, um planeta comprometido, um mundo de palavras que não se processam.


Preceito?



quinta-feira, abril 26, 2007

Na cultura da vagabundagem!

Eu só lamento a vagabundagem instituída, e, só rindo mesmo:



peguei no blog do Serjão:http://serjaocomentadoceu.blogspot.com/


Fala sério...

segunda-feira, abril 23, 2007

NOS PASSOS DE Hannah Arendt, o livro




Quando ouvi falar nessa biografia fiquei curiosa demais. Poucos personagens da história do pensamento ocidental despertam tanto interesse quanto essa mulher com características tão peculiares, inteligente, combativa, apaixonada.



Ainda estou no primeiro capítulo e inadepta de aconselhamentos, queria só uma citação:




"Sinto-me um animal para o qual todos os acessos estão fechados.

Não posso mais me entregar, pois ninguém me quer do jeito que sou;

todos sabem mais de mim do que eu."



Hannah Arendt a karl Jaspers

19 de fevereito de 1965.



Assim começa o livro.

quarta-feira, abril 18, 2007

Quando é noite


Hora de balanço e hoje eu fiz coisas comuns me sentindo tão estranha e tocando o dia: como telefonemas, servir pessoas, reclamar - coisa que eu nunca me lembro de fazer, estou listando minhas queixas, mas detesto gente poliqueixosa, daí vou rasgar e pensar em evitá-las. Isso é muito íntimo.


Tudo pode ser dividido, tudo pode ser encadeado, tudo tem príncipio/meio/fim. Tem? Comigo não, detesto correntinha, pensamento correntinha...


Eu mexo nesse mouse demais, é pura ansiedade ficar clicando porque na verdade estou esperando sempre. São palavras suas que eu espero, mas em armadilhas eu não vou cair, vai ser de graça dessa vez, promessas de reciprocidade eu nem quero, mutatis mutandi, eu não sou mais como ontem, toda a distância é boa, porque no espaço da distância tudo cresce e floresce.


Que coisa reticente é a atração intelectual, foi como pensei, e vai que estou justamente em Heart in a Cage, fazer o quê? Escorrega daqui e dali e vai levando, o tempo vai passando e de repente, cai a ficha.


Na verdade tudo isso é um pretexto para não encerrar mais um dia tedioso, com as surpresas da noite. Saudade do tempo em que existiam as coincidências e o amor era fácil. Sim, sobrou chocolate.

segunda-feira, abril 16, 2007

A dança da chuva existe...


A felicidade não tem endereço e nem receita, despojada e irreverente ela acontece quando a gente se permite na natureza da gente solta, liberdade despreendimento.
Algumas vezes o ser se basta...
A questão da ingratidão da memória é séria, a memória comemora a dor ao longo de um tempo sem fim, o gozo é fugaz. Em algumas pessoas a felicidade é viável, em outras não se vê.
Minutos extensos molham a terra seca e castigada, crianças brincam, crianças que não crescem.
Tramas tomam tempo e cobram seriedade e malícia. Na simplicidade nada disso acontece, morde-se a fruta e pronto. Ponto. Demora mas a gente acha, tô dizendo.

sexta-feira, abril 13, 2007

Coisa de mulher


Para ser dono do seu silêncio, não seja escravo das suas palavras.
Hoje fez um dia lindo de sol e eu fiquei fuçando uns textos sobre textos cheios de intertextualidades...

terça-feira, abril 10, 2007

O que me dá uma puta preguiça


Pessoas babacas me dão uma puta preguiça. Gente que leva e trás, gente que não diz a que vem, gente que nunca olha no olho da pessoa com quem fala, gente que mente maquinalmente.


E toda essa gente vazia que conta o que você nunca disse, que diz coisa que você nunca fez e fantasia sua desgraça... ah, naturalmente gente que vê BBB!


Então eu dedico esse espaço à preguiça, que é um delicioso pecado muito mais lícito que os supra-citados, e não direi mais nada, fico por aqui

quinta-feira, abril 05, 2007

Sobre "Uma verdade inconveniente"


Dentro da terra há um céu, dele ao inferno há uma película delicada que se rompe e regenera à passagem das almas penáveis e penadas em corpos que degeneram ávidos pela beleza e longevidade...
Se há o politicamente correto no seu imaginário, há o corrupto e o corruptor a seu lado ou em você, que transita à visão e ao gesto, como aquele jovem virtuoso, que salva o desconhecido do estigma do preconceito e depois cai vítima dele, ao fazer de um negro jovem, retrato do marginal; as duas faces do mesmo preconceito. Atira a primeira pedra?
Não, em todas as instâncias somos vítimas ou reeditamos preconceitos assimilados na tenra idade e ao longo das experiências da vida. Tudo para sermos superiores num mundo em que a diversidade é um fascínio e uma ameaça.
É deixando seco um jardim e cobiçando o jardim alheio, onde a semente brota invicta. Assim como uma "verdade inconveniente" desperta a cobiça e o medo, naqueles que mudaram o mundo, como conclui o Greenpeace, eu só penso que há alguma coisa atrás, e alguma coisa atrás dessa coisa toda...
Espaço físico, espaço aéreo, espaço... Olho vivo no seu jardim, podem haver mais verdades inconvenientes.