
Era uma vez uma dama que vestia-se de negro.
Os cães latem e uivam durante a noite, pela manhã ela os alimenta fazendo angú no grande tacho de ferro. Depois abre a porta e deixa que percorram a rua como lhes convêm.
O telefone no final do corredor, auxílio dos menos favorecidos, notícias do Brasil. O Brasil em tempos de ditadura.
Chove muito, os rios enchem suas cabeceiras, o mato cheira intensamente. A dama negra passa o tempo lendo e decidindo o futuro dos desavisados.
Os cães pela casa, há uma festa e a sala borbulha, mesa farta, copos cheios, o coronel na sala, o exilado na cozinha, medo e orgulho, vaidade e medo.
O tempo passa, tudo muda, a dama envelhece, os homens envelhecem, o poder troca de mãos, troca tudo, muda tudo. O Brasil.
O mundo em bytes, anoitecendo a humanidade, um planeta comprometido, um mundo de palavras que não se processam.
Preceito?