sábado, fevereiro 10, 2007

"com os passos mudos de uma reticência"

Quando eu convidei aquelas mulheres para uma reunião que me parecia tão importante na época e só veio você, alta, alegre, decidida e cheia de histórias, ao final eu pensei, que pessoa interessante. Recém chegada do nordeste, cheia de planos e idéias, experiências que não serviam para o aperto em que nos achávamos, enfim, ficamos a trocar inexperiências, rindo e tomando chá. Uma semana depois a surpresa, e eu deixando uma menina com flores na porta do hospital, para visitar sua mãe, que me era uma mulher estranha.
Depois nós tentávamos rir, naquele circo de horrores que eram as seções de quimioterapia, e você tão otimista, querendo saber mais e fuçando na internet tudo que pudesse trazer alguma esperança.
Sua linda casa nas montanhas, os macacos brigando e a natureza animal se impondo, e nas paredes muitas cores, nos quadros, nos vasos, nos detalhes da decoração.
Vinho e Janis, cores e adornos, anéis e brincos de impecável bom gosto, fiquei com a flor de pedra azul, para ter você e sua amizade ao alcance dos dedos.
Um afastamento suave, uma amiga intensa, uma saudade delicada, cores. Nunca mais me lanço em lutos. Até porque você cumpriu a promessa de suavidade, que me parecia uma fantasia romântica, foi como um sopro, com os passos mudos de uma reticência.

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