sexta-feira, setembro 15, 2006

Pintura e devaneios

Misturava as tintas compondo na desordem, imensa e assombrosa a maneira contemplativa, fase a fase, todas as faces que o mundo tem e tinha.

Lavava os pincéis e secava num pano manchado, guardando então com todo cuidado, pondo as tampas nas tintas.

Só então oferecia as telas úmidas de expressão, como prontas a serem fecundadas pela realidade fálica, quando explodiam plenas no gozo do sentido.


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O menino é inquieto, pergunta sem pudores, puxa minha saia, acaricia o cachorro. Eu respondo, explico, corro o tempo todo. Ele sorri e com tanta naturalidade faz evento de acontecimentos banais. Quer saber o tamanho da codorna quando sai do pequenino ovinho. Qual é o tamanho? Qual é a medida do incomensurável amor?


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Eu sou a mulher de seda, cor de crepúsculo, tenho pimenta nos lábios e conheço os caminhos que voce ignora.

Sou um monte de sílabas que formam as palavras saindo da ponta dos seus dedos nesse teclado nosso cúmplice.

Sou aquela crença da sua infância que você nega e renega, mas quando estás a perigo, ora com fervor.

Aquela música que deixa seu corpo sem lugar e o lugar onde seu corpo quer se guardar.

Sou também ninguém e alguém a quem voce quer bem, que sempre pode ser pouso e repouso onde sua mente inquieta vem quedar...


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Um coração barco à deriva, esbarrando nessas fantasias, esperando uma felicidade prometida por nenhum deus escriba. Os aspectos que seduzem são aquelas luzes acendendo momentos efêmeros e eu quero um dia palpável nessa cidade de plástico, de sorrisos de resina e out-doors.

Faço promessas e voce vento nas frestas das janelas que eu não vou fechar.

Não rasgue o papel, guarda a imagem, permita-se perder na mensagem, quebra o cálice, quebra esse cale-se!

Por mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que engraçado, isso são curtos o quê? para quê? para quem?