domingo, dezembro 03, 2006

Do poema prá ser vivido

Nada pode ser mais plural que um poema, quanto mais despretensioso, mais escarafunchado e hiperinterpretado, sacaneado semânticamente, semiologicamente, querem dessecar o ser humano vulnerável que se deixou distrair a tal ponto.
Daí uma pedra pode ser uma cordilheira atravancando o sentido inextrincável, a coitada da flor então, vira genitália, cogumelo atômico, fetiches mil dessa vampiragem intelectual.
Uma rede de insolência e desconfiança persegue quem escreve, assim distraído e solitário desejando apenas brincar com o tempo.
Meus olhos estão colados em cada situação rotineira ou bizarra, filmando tudo prá um deleite próprio, um exercício de sobrevivência e comunhão com outros amigos assim como eu, ilhados pela solidão de saber, sem nada saber, aquilo que se sabe, sem saber como se sabe.
Mas a palavra escrita, solta a força maldita, alivia a dor intermitente, é palavra que convoca o conforto ausente, fala de ser pra si, ser irreverente, feliz indiferente, alma livre coração demente, apaixonado condescendente, com a fraqueza humana, com a carne tirana, essa pândega de existir que emana, desejo, desejo, desejo.

2 comentários:

Esther disse...

Adorei o texto , como quase tudo que deu tempo de ler no teu espaço.
Saí do lugar comum da vampiragem intelectual.Falando nisso: Você odeia mesmo o Prof. Pasquale??rsrsr
Bj!

Esther disse...

Ophélia: já lí e relí teus textos Agora acabaram! Pena! Espero por outro ,ok? Enquanto isso, se quiseres dar um pouco de risada com este negócio de relacionamento virtual, dê um pulinholá no meu sítio..Bj

Cris