segunda-feira, julho 09, 2007

Zeus


Sempre que nos visitava, se fazia preceder de flores e frutas. Um cheiro de limpeza em linho tomava conta da casa e parecia que faríamos sentido. Estar com ele era uma diversão, hoje percebo que já naquela época me escondia por tráz das palavras, uma afirmação lúdica.


Aprendizados olfativos, auditivos, visões, da necessidade desde a infância de lidar com a agressão para a sobrevivência. Éramos muitos, nos tornamos indóceis numa retórica de intertextos e interditos. Exercício de diálogo essencialmente doméstico. Prazer. Quem se importava?


Já naquela época começàvamos o loteamento da inteligência, esse hábito de se apropriar da cultura geral, donos do território de ninguém. Foi quando determinei-me a trocar tudo pelo resultado do depois, sempre. Contávamos estórias para passar o tempo e nasceu o velho costume de fazer a moral da história, moral a transmitir.

Hoje é tudo muito simples, uma matemática automática do sentido. Gente que brinca, aquele privilégio que vem da infância, vício dos mal criados que somos nós.


Um comentário:

Roy Frenkiel disse...

Profundo texto... Ainda ei de escrever algo sobre esse tal "loteamento" de inteligencia...

Beijao

Rf