quarta-feira, agosto 15, 2007

A grande borboleta da verdade


Sobre a verdade, dizer o quê? Que ela se desfaz no momento em que se constrói, como silêncio que se rompe a qualquer momento, num desnecessário contínuo. A verdade nas nossas buscas primordiais, quando e como eu pergunto se você já fez sua primeira parte? Para toda verdade conquistada outra atrás, e outra atrás doutra... nada é mais real, ondas de ilusões que se desmancham ao toque, fantasias.


Muito dono de conceitos e raciocínios de exímia precisão, fulano falece ao desacontecimento do bug do milênio, por exemplo, coisas que não existem simplesmente.


Quando no escuro eu procuro a mão dele, é que não há nada mais concreto que o calor desse encontro, isso é verdade, mais ainda quando passa, existiu?


Continuo falando essas coisas porque preciso me tocar no espaço sonoro dessas teclas, onde eu quase existo com todas aquelas conquistas, mas no fundo, não possuo mais que cortinas e sofás, vou limpando uma casa que suja diariamente, lavando louça, trocando a àgua da rosa na sala, sozinha, vermelha e mentirosa.


Compor e desconstruir é a tarefa do tempo, tempo que aflige, passando irrevogável, passando sonso e fazendo definitivo o ensaio de cada ser. Talvez falte ao solitário uma platéia que testemunhe essa passagem, reuna as palavras e dê alguma matéria a esse acontecer ininterrupto. A desconstrução da consciência burguesa, a destruição na genealogia, o fantasma do esquecimento. Uma solução prática seria um ícone ideológico que sobrevivesse ao tempo, um desejo de comunismo, sobrevivência da coletividade como pretexto da renúncia do indivíduo e suas páginas cheias de verdades inúteis, voláteis. Mentira. Existem espelhos refletindo egos, egos mutilados, egos distorcidos, egos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Belo texto.É isso mesmo.Eu prefiro ouvir Elvis.

Ane Brasil disse...

Tá aí, viver oito horas...
Mas a tua rosa é vermelha, solitária e mentirosa?
Então, busque as azaléias, elas sim, nunca mentem na sua efêmera aparição de primavera!